sexta-feira, 22 de maio de 2009

Fuga Vital

A vida é tão normal. Quero dizer, ela segue toda uma linearidade onde as situações podem ser diferentes, mas os fatos semelhantes resultando sempre na mesma conclusão, gerando o mesmo aprendizado. Acredito que isso quer dizer: de uma forma ou de outra, você vai aprender. E daí surgem os momentos mais inesquecíveis, quando por exemplo você aprende que o fogo queima, que o amor dói e que as pessoas mentem. Aprender sempre envolve erros.
Não importa quem você seja, não importa exatamente quando ou onde, mas tem coisas na vida que são "batata"! Acontecem com todo mundo. Se não fosse assim, os pais não fariam tantas previsões e não diriam tanto depois da merda toda: "eu te avisei".
Ontem numa das salas de computador da faculdade me deparei comigo mesma olhando pras pessoas a minha volta, imaginando se todo mundo dali, daquele mesmo ambiente, ia morrer um dia sem sexo na vida. Quero dizer, todo mundo faz, né? Não é engraçado pensar assim? Descobrir que a vida é tão previsível?
Hoje sai decidida a enganar o destino, queria fugir do óbvio e das leis da construção vital do ser humano. Eu queria me apaixonar por uma tarde. Fui andando por Ipanema como quem não quer nada, que não tem nada de importante pra fazer. Parei em frente a faixa de pedestres ao lado de duas gringas e uma velhinha (tão previsível) e fiquei olhando pro tom do azul do céu, me controlando pra não ir a praia me apaixonar de novo por Ipanema. E ai aconteceu. Senti dois pares de olhos me encarando, eles pertenciam a um menino dentro de um dos ônibus parados no trânsito maluco. Sustentei seu olhar e ele pareceu se surpreender, e ai aconteceu uma coisa imprevisível pra mim, que me fez ganhar meu dia. Eu dei uma gargalhada, uma daquelas que você abaixa pra pôr as mãos nos joelhos pra se apoiar e não cair.
Fiquei feliz comigo, tinha conseguido escapulir do ciclo da minha vida. Tinha me apaixonado por um momento de 5 segundos. Atravessei a rua quando o meu sinal abriu, fui andando na mesma direção que o ônibus seguia, pensando que se ele pensasse como eu, ele teria descido do ônibus e fugido do ciclo dele também. Mas se isso acontecesse, seria o destino de novo agindo e não a minha fuga.

sábado, 16 de maio de 2009

Agonia de esperar

E lá estava eu fazendo hora no msn (no horário do lanchinho da tarde) para esperar minha irmã voltar do plantão e não almoçar sozinha, tadinha:


(16:07) i!taiSSa... : hoje de manha meu pai me deu um chocolate e disse como se fosse um velho e bom sábio: guarde para depois do almoço.
coloquei o chocolate aqui do lado do mouse
(16:07) i!taiSSa... : onde meus dedos podem esbarrar na embalagem
e fico olhando pra ele pelo canto do olho com cara de quem nao quer ser pego encarando outra pessoa
e ai fico pensando: porque diabos nao posso comer o chocolate antes?
(16:07) i!taiSSa... : ora ora
tudo tem a hora certa pra ser comido.
hahahahahahaha
ridiculo
(16:08) i!taiSSa... : eu só fico pensando que nao vai mudar minha fome
mas talvez, depois do almoço o meu desejo insano por chocolate seja maior
(16:08) i!taiSSa... : e ai vai ser mais gostoso
até pra abrir a embalagem
imagina a espectativa?
ai ai
(16:10) i!taiSSa... : quero alguem que me convença que nao preciso de psiquiatra sabia.

domingo, 3 de maio de 2009

Temperatura

O quente pode incomodar, mas o frio corrói. Nunca esperei me tornar uma pessoa corrosiva, que prefere a solidão por te proporcionar momentos previsíveis, mais seguros e estáticos. Não consigo me permitir mais me deixar levar, me jogar no abismo de uma outra pessoa. A sensação de saber que tudo está sob meu controle é tão confortável que me impede de querer voltar a ser quem fui. Ingênua, boba, apaixonada.
Bloqueando a possibilidade de novas emoções, comecei a sentir um certo orgulho de mim. Descobri que era possível me envolver sem abrir minha alma. Não seria novamente enganada, mas também não enganaria ninguém. Pra me assegurar disso respeitei os sentimentos dos outros e não me entreguei a pessoas que se permitem sentir, seria muita hipocrisia de minha parte.
A fria entregue aos frios em função da satisfação carnal. Nada de amor, nada de calorzinho no lado direito do peito, nada de frio na barriga, nada de pensamentos flutuantes. Uma relação realista.
O triunfo veio quando percebi como certos frios podem se submeter ao ridículo. Não deveriam subestimar a frieza feminina, nem todas se conservam idiotas, apenas se fazem passar por uma. É divertido reconhecer que ele não vai fazer falta nenhuma enquanto ele acredita no oposto. Realmente divertido.
Mas o que fazer quando há suspeita de que você começa a vacilar? Que no meio de um caminho gélido, onde até então você tinha certeza que o outro jamais passaria de uma companhia agradável, surge um aumento de temperatura? O controle não pode fugir, não pode haver falhas. O que fazer quando um coração machucado quer reacender?

A possibilidade de uma nevasca futura é destruidora.