terça-feira, 29 de setembro de 2009

De Mim

Saí andando com a mesma pressa de uma fugitiva. Fugia de mim. Andei sem prestar atenção por onde caminhava exatamente, minha cabeça era um turbilhão que só fazia as minhas pernas ansiarem por mais velocidade. Por mais que não soubesse para onde elas me carregavam, não sei se queria saber. Precisava de tempo pra me organizar mentalmente. O sol já tinha ido embora quando resolvi sentar nos primeiros degraus da escadaria de um prédio antigo, passava ali todos os dias e não sabia ao certo o que era. Me decepciono comigo quando percebo que deixei muita coisa passar.

Sentada, enxuguei as lágrimas que não queriam cessar, tentei controlar a temperatura das minhas bochechas apertando-as com a palma das mãos. Droga! por que meus lábios também não conseguem parar de tremer?
Abaixei a cabeça e deixei a franja cair sobre os olhos, não queria corrigir mais nada quando tudo parecia estar contra mim, resolvi deixar a natureza agir.

Pensei no que deveria fazer, aonde ir? Um desespero tomava conta da boca do meu estômago e eu tentava escolher uma música. Me senti ridícula e me peguei com um sorriso sarcástico.

sábado, 19 de setembro de 2009

Era Uma Vez

Já pensei em escrever um livro de romance, ou algo que refletisse esse tema. Fiz uma análise do que poderia levar uma história a ser um best-seller, jamais esquecido, fazer adolescentes arrancarem os cabelos de emoção e, sem nenhuma surpresa, descobri do que precisava: Tragédia.

A receita é antiga e funciona. Quantos casais ficam realmente "juntos para sempre" desde o início de uma grande história? O desencontro devido à problemas com família, triângulos amorosos, mentiras inofensivas, mal entendidos e afins é fato constante, presença garantida nos livros e filmes. E para "piorar", uma história é considerada ainda mais "romântica" quando o casal NÃO fica eternamente feliz com os 50 filhos programados numa casinha com um jardim perto do conto de fadas mais próximo. A exemplo disso temos o clássico Romeu e Julieta. Ainda me pergunto como seria o fim deles se não houvesse o tal do mal entendido. Se já existisse o celular.. enfim!

A conclusão é que, claro, realmente toda história de amor merece um começo apaixonante, um meio recheado, com um clímax, um problema a ser resolvido, e um fim que te faça suspirar e exclamar (ufa! aleluia! que lindo! aaain! quero pra mim! aaaaah!) ou até mesmo chorar!
As pessoas, em particular as mais sensíveis, se identificam com a tragédia por ver a sua vida como tal. Tudo não lhe parece trágico demais ao seu redor? São pessoas intensas, que buscam fazer do dia-a-dia monótono uma grande história REAL para contar, obter respostas da vida através dos seus atos. Pessoas que sentem mais a dor do que outras, mas que lhe é "libertadora", fase de aprendizado.

Muitos sentem falta de algo que não sabem classificar, procuram se encontrar em livros e filmes, tentam achar uma saída na trajetória de um personagem que se identificaram. Aí está a chave dessa enrolação toda: quanto maior o problema da história, mais as pessoas buscam comparar com sua própria vida, sentindo a vida como se fosse tragédia grega para posteriormente sentir um alívio pessoal nas mesmas proporções.

E é por isso que funciona. Até porque, na vida real, ninguém se apaixona hoje e casa amanhã.. Sempre tem uma maldiçãozinha no meio. Espero alcançar o meu "e foram felizes para sempre" e estou disposta a passar por esses venenos se for preciso.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Amar Para Existir

Resolvi ser narcisista. Escrevo mascaradamente, ou pelo menos acho que o faço, sobre o "meu-momento", tentando não ser óbvia demais quanto a minha posição estar completamente de acordo com a minha vida quando ela está. Então tá, eu me acho a espertona, que compreende as pessoas, mesmo nas situações mais sutis, mas nunca consigo entender por completo a pessoa que mais conheço intimamente, o meu próprio ser.

Vivo uma vida cheia de planos e, apesar disso, não sigo muitos deles ou demoro pra iniciar. Me sinto impotente e me auto-justifico. Procuro respostas naturais pra minha fraqueza e isso é covardia e cegueira. Por que não consigo ser complacente com o que eu sei que é melhor pra mim? Talvez eu não saiba.

Sei que é clichê demais, mas será que as pessoas realmente sabem o que é melhor pra elas e na hora certa? Andei lendo o que já escreveram no google e sem querer pararam no meu blog: "solteirice aguda"; "talvez ainda nãos sei"; "insegurança com você"; "você não me atende mas não sei se ela descobriu"; "não sei dizer não ao meu namorado"; "reflexões texto eu sei mas não deveria"; "eu não quero parecer carente"; "filosofia dos homens putão"; "me decepcionei com você"...

O que tá acontecendo? Todos parecem andar em círculos e em zigue-zague. Não parece mais existir tempo para se dedicar as ações que se iniciam com o prefixo "auto-". O mundo caminha mais oco, a evolução dos meios de comunicação e troca de informação é inversamente proporcional a disseminação de amor no mundo! Parece piegas, coisa de gente velha ou de professor, mas não consigo mais ver coisas bonitas em pequenos gestos.
Incansavelmente eu procuro cada vez mais voltar a essência do ser humano, que é a busca por sentir, por amar. Acredito essa ser uma das únicas provas de que um dia eu existi.